sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Bactéria contra a dengue

Conheça o microrganismo que, quando presente no mosquito transmissor da dengue, pode proteger o ser humano de contrair a doença.

NOTÍCIAS - 27-11-2014

Imagine como seria se um pesquisador chegasse ao seu bairro e liberasse por lá mosquitos Aedes aegypti, insetos transmissores do vírus da dengue. Todo mundo ficaria bravo, não é? Mas essa não tem sido a reação dos moradores de Tubiacanga, na Ilha do Governador, bairro localizado no Rio de Janeiro. O local recebeu mosquitos infectados por uma bactéria que, segundo os cientistas, pode ser capaz de reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo inseto.


A liberação desses mosquitos faz parte do projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, que foi trazido para o país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A bactéria usada no estudo chama-se Wolbachia e já é encontrada naturalmente em muitos insetos, como borboletas e pernilongos, mas não é comum no A. aegypti.




O projeto “Eliminar a Dengue: desafio Brasil” está liberando mosquitos Aedes aegypti infectados por uma bactéria que pode reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo inseto. (foto: Projeto Eliminar a Dengue)

O interessante é que, quando é colocada nesse mosquito, ela pode bloquear a transmissão do vírus da dengue pelo inseto. Sabendo disso, os pesquisadores infectaram uma grande quantidade de A. aegypti com a Wolbachia e os liberaram no ambiente, transformando-os, assim, em mosquitos do bem.

 Bactéria Wolbachia utilizada no projeto.

Segundo o pesquisador da Fiocruz e líder do projeto no Brasil, Luciano Moreira, a bactéria torna o A. aegypti imune à doença porque, assim como o vírus da dengue, ela também precisa entrar na célula do mosquito para se multiplicar. Lá, a Wolbachia compete com o vírus pelos nutrientes que estão dentro da célula e acaba ganhando. “A bactéria torna-se presente em todos os tecidos do mosquito, inclusive na glândula salivar, por onde a dengue é transmitida, e não deixa o vírus se instalar, impedindo a transmissão”.

De mãe para filho


“Mas será que essa bactéria é perigosa para o ser humano?”, você deve estar se perguntando. Pode ficar tranquilo, pois, de acordo com Luciano, ela não causa nenhum efeito negativo para nós ou para o meio ambiente. Melhor ainda: quando o mosquito se reproduz, a bactéria é passada de mãe para filho, dando origem a novos insetos imunes ao vírus da dengue!


A bactéria Wolbachia pode impedir que os mosquitos passem o vírus da dengue adiante. (foto: Projeto Eliminar a Dengue)

“Esses mosquitos do bem irão acasalar com os mosquitos que já existiam no ambiente e os seus filhotes também terão a bactéria, ou seja, não poderão transmitir a dengue”, ressalta o cientista. “Depois de algum tempo, esperamos que os mosquitos que transmitem o vírus da dengue não existam mais”.

Foi exatamente isso que aconteceu em duas localidades da Austrália onde a técnica já foi testada. Cinco semanas depois de liberados, os mosquitos com a bactéria se tornaram quase cem por cento da população – caso você não saiba, o A. aegypti costuma levar até dez dias para chegar à forma adulta e vive em média trinta dias.

“Aqui no Brasil, vamos liberar dez mil mosquitos por semana no bairro de Tubiacanga, no Rio de Janeiro, e esperamos que, ao fim de três ou quatro meses, a população dos insetos com a bactéria seja maioria”, esclarece Luciano. “Pretendemos soltar mosquitos também em outros bairros onde já é realizado um trabalho em conjunto com os moradores, para identificar criadouros e conscientizar sobre a doença e sobre a importância do projeto”.

O processo de liberação dos mosquitos do bem já começou em setembro e, apesar da grande quantidade de insetos soltos, medidas foram tomadas para que os moradores da região não sofressem com uma superpopulação desses bichinhos. “Antes de soltar os insetos com a Wolbachia, agentes de saúde visitaram casas da região para identificar e eliminar criadouros e, com isso, diminuir o número de mosquitos”, destaca Luciano.


Mesmo com a nova estratégia de combate à dengue, lembre-se: todo mundo deve fazer sua parte contra a doença, eliminando os possíveis criadouros do mosquito em suas casas!

Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/bacteria-contra-a-dengue/

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Ai, que medo do ebola!


Saiba mais sobre esse vírus que anda assustando muita gente por aí
NOTÍCIAS - 03-11-2014


Você já ouviu falar do ebola? Seja no telejornal ou no colégio, muita gente está comentando sobre esse vírus depois que ele deixou várias pessoas doentes. Mas, afinal, o que é o ebola e por que ele causa tanto medo?

Veja, em vermelho, o vírus ebola, que recebe esse nome por ter sido descoberto em um paciente infectado próximo ao rio Ebola, localizado no Congo.

Tudo começou em 1976, quando o diretor de uma escola no Congo, país da África Central, ficou doente e morreu. Depois de muita pesquisa, os cientistas descobriram que ele e outras pessoas do lugar adoeceram por causa de um vírus ainda desconhecido, ao qual deram o nome de ebola, já que o diretor foi infectado próximo a um rio com o mesmo nome.
No início, a África Central era a região mais acometida pela doença causada pelo ebola, pois abriga um morcego gigante conhecido como raposa-voadora. Capaz de contrair o vírus sem ficar doente, o mamífero é considerado um reservatório que pode espalhar o vírus ebola por aí. Imagine o perigo?

Conhecido como raposa-voadora, este morcego gigante é capaz de carregar o vírus ebola sem ficar doente, podendo espalhá-lo por aí. Que perigo!


Com o passar dos anos, outros países da África viveram surtos da infecção e, em dezembro de 2013, começou a atual epidemia. Dessa vez, o surto começou na África Ocidental, parte do continente que também abriga o raposa-voadora. E foi lá que, em menos de 1 ano, mais de 4 mil pessoas morreram infectadas pelo vírus. 

De uma pessoa para a outra

Mas não pense que o ebola se espalhou apenas por meio do morcego – afinal, ele vive dentro da floresta, bem longe de nós. “Quando o ser humano invade a floresta, seja para desmatar ou caçar um animal, ele pode entrar em contato com o morcego, ser contaminado e levar o vírus para outros locais”, explica a infectologista Otilia Lupi, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A partir daí, quem entrar em contato com o sangue ou fluidos corporais de pessoas infectadas, como saliva e vômito, pode também se contaminar.

Como o ebola também é transmitido de uma pessoa para outra, os profissionais de saúde que lidam com pacientes infectados devem usar equipamentos que os deixem protegidos contra o contato com o vírus.


Desde 1976, 21 epidemias da doença já aconteceram. Porém, dessa vez o vírus se espalhou rapidamente por causa das características da Guiné, país africano onde o surto atual começou. “As pessoas desse local se visitam muito, diferente de surtos que ficaram em comunidades rurais e não se espalharam”, explica Otilia.

Além dos países africanos, locais como os Estados Unidos também tiveram pessoas infectadas. Como os sintomas iniciais do ebola lembram os da gripe, como febre e dor no corpo, muita gente pode não saber que está com a doença e acaba viajando para outros lugares, levando o vírus consigo. Mas, atenção: diferentemente da gripe, o ebola não pode ser transmitido pelo ar.

Otilia também explica que o perigo da doença está na evolução para uma forma chamada de febre hemorrágica que causa perda excessiva de sangue, podendo levar à morte. “Cerca de 30 a 40% dos casos podem evoluir para esse estágio”, diz a infectologista. Mesmo assim, em muitos casos, o próprio corpo se cura da doença sozinho.

Sem pânico!

Descobrir a capacidade que o ebola tem de se espalhar pode deixar você assustado. Porém, é importante saber que, no Brasil, não há presença do raposa-voadora e o único jeito de o ebola entrar no país é caso alguém venha infectado de outros locais. E, se isso acontecer, os profissionais de saúde brasileiros estão muito bem preparados.


 Você sabia que, apesar de ser um acontecimento muito triste, o surto de ebola pode até abrir portas para que os cientistas busquem novos tratamentos e vacinas contra o vírus?

Prova disso foi o caso de um homem que, no início de outubro, saiu da Guiné, na África, para o Marrocos e de lá veio até o Brasil. Aqui, ele foi a um posto de saúde apresentando febre e mal-estar e, quando os médicos souberam de onde o homem vinha, logo o enviaram para a Fiocruz, onde ficou isolado para que não entrasse em contato com ninguém até que saísse o resultado dos exames, que deram negativo para o ebola. Ufa!

Portanto, nada de pânico: vamos ficar de olho nas novas descobertas da ciência e torcer para que todos se livrem logo desse vírus.

E a cura?

Apesar de muito esforço dos cientistas, ainda não existe uma cura para o ebola. No entanto, é em casos como o surto atual que a ciência dá os primeiros passos para buscar um tratamento e até mesmo uma vacina contra o vírus. Medicamentos que ainda não testados em humanos foram aplicados emergencialmente nas pessoas infectadas e algumas foram curadas.

Além disso, o sangue dessas pessoas está sendo estudado para a produção de soros capazes de agir como um antídoto contra a infecção, já que aqueles que adoecem pelo ebola uma vez ficam imunes à nova infecção pela doença por toda a vida.

Segundo Otilia, outras doenças que hoje já não metem em medo em ninguém foram, no passado, tão assustadoras quanto o ebola. “A malária e a dengue também saíram de dentro da floresta”, diz. “O importante é entendermos como a doença ocorre e, em seguida, controlar os animais envolvidos na cadeia, como fazemos com o mosquito da dengue.”

Outro exemplo é a febre amarela que causou grandes epidemias no século 15 e, no início do século 20, teve uma vacina desenvolvida. “A doença foi empurrada de volta para a floresta, e acomete apenas quem não for vacinado e entrar na floresta”, adiciona a infectologista.

Fonte de pesquisa: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/ai-que-medo-do-ebola/